segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

UM BOM TEXTO PARA REFLECTIR...

Eduardo Prado Coelho antes de falecer (25/08/2007) teve a lucidez de nos deixar esta
reflexão sobre todos nós


Precisa-se de matéria prima para construir um PaísEduardo Prado Coelho - in Público

A crença geral anterior era de que Santana Lopes não servia bem como CavacoDurão e Guterres.Agora dizemos que Sócrates não serve.E o que vier depois de Sócrates também não servirá para nada.Por isso começo a suspeitar que o problema não está no trapalhão que foi Santana Lopes ou
na farsa que é o Sócrates.O problema está em nós. Nós como povo.Nós como matéria prima de um país.Porque pertenço a um país onde a ESPERTEZA é a moeda sempre valorizada tanto ou
mais do que o euro.Um país onde ficar rico da noite para o dia é uma virtude mais apreciada do que formar
uma família baseada em valores e respeito aos demais.Pertenço a um país onde lamentavelmente os jornais jamais poderão ser vendidos como em outros países isto é pondo umas caixas nos passeios onde se paga por um só jornal E SE TIRA UM SÓ JORNAL DEIXANDO-SE OS DEMAIS ONDE ESTÃO.Pertenço ao país onde as EMPRESAS PRIVADAS são fornecedoras particulares dos seus empregados pouco honestos que levam para casa como se fosse correcto folhas de papel lápis
canetas clips e tudo o que possa ser útil para os trabalhos de escola dos filhos ....e para eles mesmos.Pertenço a um país onde as pessoas se sentem espertas porque conseguiram comprar um descodificador falso da TV Cabo onde se frauda a declaração de IRS para não pagar ou pagar
menos impostos.Pertenço a um país:- Onde a falta de pontualidade é um hábito- Onde os directores das empresas não valorizam
o capital humano.- Onde há pouco interesse pela ecologia onde as pessoas atiram lixo nas ruas e depois reclamam
do governo por não limpar os esgotos.- Onde pessoas se queixam que a luz e a água são serviços caros.- Onde não existe a cultura pela leitura (onde os nossos jovens dizem que é 'muito chato ter que ler') e não há consciência nem memória política histórica nem económica.- Onde os nossos políticos trabalham dois dias por semana para aprovar projectos e leis que só
servem para caçar os pobres arreliar a classe média e beneficiar alguns.Pertenço a um país onde as cartas de condução e as declarações médicas podem ser 'compradas'
sem se fazer qualquer exame.- Um país onde uma pessoa de idade avançada ou uma mulher com uma criança nos braços ou um inválido fica em pé no autocarro enquanto a pessoa que está sentada finge que dorme para
não lhe dar o lugar.- Um país no qual a prioridade de passagem é para o carro e não para o peão.- Um país onde fazemos muitas coisas erradas mas estamos sempre a criticar os nossos governantes.Quanto mais analiso os defeitos de Santana Lopes e de Sócrates melhor me sinto como pessoa
apesar de que ainda ontem corrompi um guarda de trânsito para não ser multado.Quanto mais digo o quanto o Cavaco é culpado melhor sou eu como português apesar de que ainda hoje pela manhã explorei um cliente que confiava em mimo que me ajudou a pagar algumas dívidas.Não. Não. Não. Já basta.Como 'matéria prima' de um país temos muitas coisas boas mas falta muito para sermos os
homens e as mulheres que o nosso país precisa.Esses defeitos essa 'CHICO-ESPERTERTICE PORTUGUESA' congénita essa desonestidade em pequena escala que depois cresce e evolui até se converter em casos escandalosos na política
essa falta de qualidade humana mais do que Santana Guterres Cavaco ou Sócratesé que é real e honestamente má porque todos eles são portugueses como nós ELEITOS POR NÓS. Nascidos
aqui não noutra parte...Fico triste.Porque ainda que Sócrates se fosse embora hoje o próximo que o suceder terá que continuar a trabalhar com a mesma matéria prima defeituosa que como povo somos nós mesmos.E não poderá fazer nada...Não tenho nenhuma garantia de que alguém possa fazer melhor mas enquanto alguém
não sinalizar um caminho destinado a erradicar primeiro os vícios que temos como
povo ninguém servirá.Nem serviu Santana nem serviu Guterres não serviu Cavaco nem serve Sócrates e nem servirá
o que vier.Qual é a alternativa?Precisamos de mais um ditador para que nos faça cumprir a lei com a força e por meio do terror?Aqui faz falta outra coisa. E enquanto essa 'outra coisa' não comece a surgir de baixo para cima
ou de cima para baixo ou do centro para os lados ou como queiram seguiremos igualmente
condenados igualmente estancados....igualmente abusados!É muito bom ser português. Mas quando essa portugalidade autóctone começa a ser um empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento como Nação então tudo muda...Não esperemos acender uma vela a todos os santos a ver se nos mandam um messias.Nós temos que mudar. Um novo governante com os mesmos portugueses nada poderá fazer.Está muito claro... Somos nós que temos que mudar.Sim creio que isto encaixa muito bem em tudo o que anda a acontecer-nos:Desculpamos a mediocridade de programas de televisão nefastos e francamente somos tolerantes
com o fracasso.É a indústria da desculpa e da estupidez.Agora depois desta mensagem francamente decidi procurar o responsável não para o castigar
mas para lhe exigir (sim exigir) que melhore o seu comportamento e que não se faça de mouco de desentendido.Sim decidi procurar o responsável e ESTOU SEGURO DE QUE O ENCONTRAREI QUANDO
ME OLHAR NO ESPELHO.AÍ ESTÁ. NÃO PRECISO PROCURÁ-LO NOUTRO LADO.E você o que pensa?.... MEDITE!

EDUARDO PRADO COELHO

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Dias sem Palavras


Há dias assim na vida... em que as palavras, sempre presentes, parecem não fazer o mesmo sentido... há muitos dias assim.. em que se fala muito, repetem-se perguntas e respostas até à exaustão, até deixarem de fazer sentido, mas continuarem a magoar, a moer por dentro, a dar angústia no peito e na garganta. Em que, às resposta às mesmas caridosas/carinhosas perguntas, apenas já conseguimos dar um resumo distanciado (com dor) do que nos dói..

Há dias assim. Dias em que, de repente, um telefone nos esmaga com uma sentença de morte tão próxima, familiar e temporalmente falando... em que pensamos em passado e futuro, sendo o presente tão duro e estranho de se viver. não há guião, não há direcção, a não ser encarar a inevitabilidade da morte, mas abominando a dor em torno do processo de partida..